quarta-feira, abril 12, 2006

A história do Augusta National "a Catedral" do Golf

De Fruitland Nurserie a Augusta National Aquele que é hoje, um dos percursos mais míticos do golfe mundial, o Augusta National, começou por ser no início do séc. XIX, um campo de plantação de magnólias, essa será a actividade principal da quinta até 1857, ano em que o barão belga Louis Mathieu Edouard Berckmans comprou a quinta. O barão, formado em medicina, era um entusiasta da horticultura, paixão que compartia com o seu filho Prosper Jules Alphonse Berckmans, que estudou, nas melhores escolas de horticultura de França, antes de emigrarem para a América. Em 1858 fundavam a Berckmans Nurserie, (ficaria conhecida como Fruitland Nurserie) que iria estar em activo até 1918, foi o primeiro grande viveiro hortícola, que surgiu no sudeste dos EUA introduziram uma grande variedade de plantas, árvores e arbustos, que traziam um pouco de todo o mundo para o seu grande “quintal” – desde árvores, de fruto; como a ameixa de Kelsen, o caqui japonês aos mais variados citrinos (como por exemplo o kumquat – uma espécie de laranja em miniatura) passando pela pêra entre muitos outros – introduziram também um número significativo de árvores de produção de madeira ou de jardim; como o pinheiro chinês, camélias (que hoje se espalham por toda a Geórgia), o carvalho de Darlington, Oliveiras de chá . No meio de tanta planta, Prosper ficou conhecido em terras do sul como o “pai do cultivo de pêssego” (“Father of Peach Culture”) devido à sua grande paixão por este fruto e à constante evolução da espécie, feita por ele. No entanto, os sonhos dos Berkmans terminariam com a morte de Prosper em 1910 e que levaria ao encerrar do viveiro, uns anos mais tarde. A obra ficou, e hoje podemos ver as árvores que eles trouxeram no Augusta National, e um pouco por todo o sudeste americano. Foi o “verde” de Fruitland Nurserie, que encantou Bobby Jones, quando em 1931 decidiu criar ali o seu Club de Golf. A propriedade dos Berkmans, cheia de árvores e vegetação, com pequenos promontórios atravessada por diversos riachos, chamava por Bobby, e desde a primeira visita ele soube que era ali que teria de ser feito o seu Club ("Perfect! And to think this ground has been lying here all these years waiting for someone to come along and lay a golf course on it," disse ele na primeira visita). A vontade de dois homens: Jones e Roberts Bobby Jones, não era nenhum desconhecido quando em 1931 adquiriu a quinta onde instalou o seu Club de Golf. Na realidade Robert Tyre "Bobby" Jones II, segundo as crónicas americanas, foi o maior golfista amador de todos os tempos, dominou completamente o golf nos anos 20 – entre 1923 e 1930, ganhou 13 campeonatos denominados “major”, entre eles, 1 US Amateurs, 4 US Opens, 3 British Opens e 1 British Amateur. Em 27 de Setembro de 1930, tornou-se o único homem a ganhar os 4 grandes, numa época, completando assim o “Grand Slam” do golf. Apesar de tanto sucesso, aos 28 anos retirou-se do mundo activo do golf, para se dedicar à família, no entanto na realidade nunca se afastou da sua grande paixão. Em 1931 e 1932, filmou vários documentários educacionais sobre a modalidade (que lhe renderam cerca de US$ 250 000). Através do acordo, com os reconhecidos, A. G. Spalding & Brothers entrou também no design e projecto de vários campos de Golf. Mas o seu maior projecto foi o de Augusta National. O projecto de Augusta, era de tal dimensão que foi preciso recorrer a alguém que domina-se o mundo financeiro, é aí que entra em cena Clifford Roberts um importante homem de negócios Nova-iorquino. O papel de Roberts neste grande projecto, não deve de modo algum ser menosprezado, pois foi ele que na época da Grande Depressão, conseguiu vender o Augusta National, a grandes investidores, que ficaram entusiasmados com a ideia de Bobby e com a eloquência de Roberts. Quando fez a primeira visita àquele, que outrora tinha sido o maior viveiro do Sul, e que jazia agora ao abandono - mas com um imenso verde - Bobby soube desde o primeiro segundo que era aquela a propriedade que procurava para o seu Club. Em 1931, Bobby e Roberts, fecharam negócio e por 70 000 dólares, compraram a Fruitland Nurseries.
O Projecto
Iniciaram de imediato, os projectos para o futuro Club, contrataram o famoso arquitecto, Alister Mackenzie, que em conjunto com Bobby trabalhou no desenho do campo de golf. Contaram ainda com a ajuda preciosa do herdeiro dos Berkmans, Louis Alphonse, que os ajudou a decidir que espécies de plantas deveriam colocar em cada “hole” (buraco). Cada buraco no Augusta National tem o nome da espécie que mais abunda ao longo do seu percurso. Os trabalhos de construção, começaram em 1931 e em finais de 1932 o campo já estava pronto.
De 1934 até 2006
Com o campo pronto, tinham que chegar os torneios, o sonho era albergar o US Open, no entanto por problemas de calendário e clima (o torneio disputava-se no Verão, e Augusta era demasiado quente nessa altura do ano), tiveram que se afastar dessa ideia. Jones então, de forma brilhante, decidiu aproveitar a sua fama na modalidade, e idealizou um torneio anual por convites, em que ele seria o anfitrião. Para criar um maior impacto mediático, Jones comprometeu-se a voltar aos greens para disputar o seu torneio. É assim que nasce o primeiro torneio - Augusta National Invitation Tournament - disputou-se em 34, e desde o primeiro momento foi um êxito, em 1939 passou a chamar-se The Augusta National Masters, e disputava-se no inicio de cada primavera aproveitando o clima temperado da Geórgia. No entanto seria só durante a década de 50 que o Masters de Augusta, passaria a ser um dos “grandes”, para tal muito contribuiu o Presidente Dwight D. Eisenhower, um habitual do Club. Daí para cá, foi um caminho de sucesso, pautado pela originalidade, em 1949, Jones e Roberts criaram a Cerimónia Pós-Torneio, onde o vencedor do ano anterior, “vestia” o novo vencedor com o casaco do Club (o famosíssimo “Green Jacket”). Em 1956, tornou-se o primeiro torneio a ser transmitido pela televisão nacional, CBS. Hoje é o único “grande” que se disputa regularmente no mesmo campo. É a verdadeira “Catedral”, onde todos sonham ganhar, para muito contribuíram e contribuem, também nomes como os de, Ben Hogan, Arnold Palmer, o mítico Jack Nicklaus, Gary Player, Seve Ballesteros, Nick Faldo e o novo herói do golf Tiger Woods.
O presente
Hoje em dia conta com cerca de 300 socios, dos quais pouco se sabe, a maioria serão milionários do petróleo, sabe-se também que são todos homens, e que apenas um será de raça negra (durante muitos anos o Club Augusta National foi acusado de racismo), sabe-se ainda que um dos últimos sócios a chegar ao club foi Bill Gates, o Sr. Microsft. Também pouco se sabe sobre o quanto paga a CBS, para transmitir anualmente o evento, que chega a ter mais de 50 milhões de telespectadores nos EUA, serão concerteza valores de pasmar ao comum dos golfistas! Falando de dinheiro, estima-se que durante o torneio as lojas de merchandising oficial do Masters, façam para cima de 5 milhões de dólares diários em receitas. Os bilhetes para o torneio esgotam cada vez mais cedo, e a "revenda" atinge valores astronómicos.
É o mundo a girar em torno de Augusta National!